domingo, 18 de março de 2007

Distúrbio por Défice de Atenção com Hiperactividade

Distúrbio por Défice de Atenção com Hiperactividade (DDAH), segundo a Organização Mundial de Saúde, pode ser expressa como um distúrbio caracterizado pela falta de perseverança nas actividades que exigem um envolvimento cognitivo e uma tendência a passar de uma actividade para outra sem acabar nenhuma, associadas a uma actividade global desorganizada, descoordenada e excessiva. Ressaltam, assim, três particularidades essenciais: impulsividade, hiperactividade e défice de atenção.
A Associação Americana de Psiquiatria estabeleceu critérios de diagnóstico, que servem também de suporte a muitas escalas e questionários aplicados a pais, professores e outros adultos responsáveis. Muito embora não caiba aos docentes a função de estabelecerem o diagnóstico, conhecerem estes critérios permitir-lhes-á agir precocemente.
Atenção
a) deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em actividades escolares, de trabalho ou
outras
b) tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou actividades lúdicas
c) parece não ouvir quando lhe dirigem a palavra
d) não segue instruções e não termina as actividades (não é devido a comportamento de oposição ou incapacidade
de compreender instruções)
e) dificuldade em organizar tarefas e actividades
f) evita envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante
g) perde coisas necessárias para tarefas ou actividades
h) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa
i) apresenta esquecimento em actividades diárias

Hiperactividade
a) agita as mãos ou os pés ou remexe-se na cadeira
b) abandona a sua cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado
c) corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar
limitado a sensações subjectivas de inquietação)
d) tem dificuldade para brincar ou envolver-se silenciosamente em actividades de lazer
e) está frequentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor”
f) fala em demasia.

Impulsividade
g) dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas
h) tem dificuldade para aguardar sua vez
i) frequentemente interrompe ou mete-se em assuntos de outros (por ex., intromete-se em conversas ou
brincadeiras)

Os comportamentos acima enumerados (6 ou mais de défice de atenção e/ou hiperactividade e impulsividade) deverão ter sido manifestados durante, pelo menos, os últimos 6 meses, em mais do que um contexto.

Podem, então, ser distinguidos três tipos de DDAH[1]:
− DDAH predominantemente desatento;
− DDAH predominantemente impulsivo/hiperactivo; e
− DDAH misto.

Vários transtornos – emocionais, sociais e cognitivos – estão associados ao DDAH. Enquanto professores, ao estarem atentos à presença dos mesmos, estarão a contribuir para a promoção do bem-estar global dos vossos alunos. Entre outros, podem ser assinalados os seguintes:
− Percepção visual e auditiva;
− Raciocínio lógico-matemático;
− Leitura/escrita;
− Memória;
− Psicomotricidade;
− Orientação espacial;
− Auto-conceito e auto-estima;
− Irritabilidade;
− Dificuldades de relacionamento interpessoal;
− Agressividade, destruição e impulsividade;
− Enurese;
− Perturbações do sono.

Uma vez feito o diagnóstico, que deve ser sempre acompanhado por uma equipa pluridisciplinar e em estreita colaboração com os pais ou adultos responsáveis, importa estabelecer um plano de intervenção. Seguindo uma abordagem cognitiva e/ou comportamental, acompanhada ou não por um tratamento farmacológico, os objectivos gerais[2] a alcançar serão os seguintes:
− Informar/formar agentes educativos (pais, professores, educadores, auxiliares de acção educativa, etc.);
− Proporcionar à família suporte emocional;
− Promover a autonomia e as competências sociais;
− Diminuir comportamentos disruptivos e aumentar os comportamentos adequados;
− Desenvolver o auto-conceito e promover a auto-estima;
− Melhorar competências académicas (métodos e técnicas de estudo adequadas;
− Prevenir acidentes e situações de risco;
− Promover a atenção/concentração.

O tratamento farmacológico normalmente só é administrado em crianças em idade escolar, sendo o Metilfenidato escolhido por excelência. A monitorização dos seus efeitos pelo professor poderá fornecer ao médico responsável pistas importantes para adequação do mesmo.
Entre as abordagens cognitivas salientam-se a educação, a auto-instrução, a resolução de problemas e o planeamento e cronograma quotidiano.
Relativamente às abordagens comportamentais contam-se o contrato comportamental, a economia de fichas, o reforço, a punição, o ensino positivo e a modelação/dramatização.

Nenhuma destas estratégias utilizada isoladamente surtirá os efeitos desejáveis. Deverá, antes, ser traçado um plano específico e personalizado que deverá ser criteriosamente cumprido por aqueles que se comprometem com o mesmo.


[1] É importante assinalar que o DDAH poderá estar associado a outra Necessidade Educativa Especial, nomeadamente Deficiência Mental, Autismo, Síndroma de Asperger, entre outras.
[2] Para cada aluno, dever-se-ão traçar objectivos específicos – concretos, observáveis e mensuráveis.

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